sexta-feira, 24 de junho de 2011

Pensar, antes de crer

De há uns tempos para cá que os assuntos giram em torno de um tema que já me consumiu partes do cérebro e continua a desenvolvê-lo. Cedo aprendi as leis que governam a religião, e a que me foi ensinada foi a Católica, mas hoje não me assumo assim. Cedo comecei a fazer parte de actividades relacionadas com ela. Cedo entendi aquilo que governa a Igreja, não só a Católica, como as muitas outras que decidi estudar e cedo aprendi a pensar sobre isso. Durante anos fui catequista e desde sempre que fui contra o sistema. Daquilo que me foi ensinado retirei o que me faz sentido. "Ensinei" durante 10anos, miúdos e adolescentes a pensarem; mais do que assumirem coisas, que pensassem antes sobre elas. Assumir opiniões alheias ou teorias alheias sem pensar nelas é não ter pensamento algum. Aquilo que assumimos como nosso tem que ter o nosso cunho. Não consigo assumir nada alheio, defeito ou feitio, é esta a minha maneira de ser. E ser conhecida como "do contra" não me assusta, muito menos me deixa constrangida. Tenho opinião sobre as coisas, e procuro opiniões diferentes, para evoluir ou contrastar, para debater ou resignar-me. Continuo a achar que o verdadeiro mal da sociedade é este mesmo: não se ensina a pensar, e sendo que até este pensar tem que ter conta, peso e medida, também é verdade que o não-pensar torna as pessoas robotizadas e iguais dentro de uma maioria. Irei voltar a este assunto, mas termino agora só com este pensamento: a verdadeira beleza de acreditar não está propriamente nos valores que se adquire com isso. Porque os valores podem ser adquiridos de variadíssimas maneiras. A verdadeira beleza de acreditar, é que acho que nos desprende um pouco de nós mesmos... e o mal é que já ninguém acredita em nada, a não ser talvez, em si próprio.

6 comentários:

  1. Talvez não seja o não acreditar, talvez seja saber demais cedo demais. Há poucos dias li algures um professor de física que se queixava que hoje em dia os miúdos não acham nada extraordinário, uma bola a levitar ou um vulcão em erupção eram dados como "normais". Ele punha as culpas no cinema, nomeadamente George Lucas e Steven Spielberg.
    A minha catequista ensinava-me a falar com Deus e a fazer exames de consciência quando faltava um Domingo e queria ir tomar a hóstia no Domingo seguinte, as outras catequistas achavam mal. Cada cabeça a sua sentença.

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  2. E quem já não acredita em nada morre seco que nem um bacalhau.

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  3. Uma retribuição de uma visita,mas que se vai tornar uma presença assídua!
    Gostei do li!
    Abraço

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  4. Sice,
    Culpar o Lucas e o Spielberg é das coisas mais hilárias que ouvi, pelo menos na última semana ( só não digo do último mês, porque de facto a minha vida está cheia de pessoas criativas com teorias que chegam a roçar o surreal... )... e quanto à parte catequética, enfim, sim, cada cabeça sua sentença. Sabes o que é interessante? É que na maior parte dos casos, elas são as primeiras a não pensarem naquilo que estão a fazer. E na responsabilidade atroz que assumiram. Assunto complexo. Mesmo.

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  5. Sara,
    Acreditar em alguma coisa obriga a pessoa a confiar. E a confiança hoje em dia, com alguma legitimidade claro, anda escassa. Por isso é que digo que é difícil encontrar alguém que verdadeiramente acredite. E não falo em acreditar em entidades, falo em acreditar naquilo que se move à nossa volta.

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  6. Álvaro,

    Parece-me muito bem. Eu também lá fui deixar a minha pegada. Muito obrigada :)

    Beijo!

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Vá, enriquece-me com a tua sabedoria :)