quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Saudades de escrever

Falo de coisas que nos fazem ser o que somos.
Olhar em pretensões de Ver.
Esperar em pretensões de que cheguem.
Falar em pretensões de que oiçam, ouvir, em pretensões de que falem.

Inúmeras vezes rotulamos as coisas com uma definição pessoal; medimos as coisas a metro, como se conseguíssemos chegar à medida certa, opulentos, no nosso ângulo linear de significados. Inúmeras vezes olhamos sem Olhar, chegando apenas aonde conseguimos chegar e não aonde as coisas realmente chegam. Olhar à volta ajuda-nos a olhar para dentro de nós mesmos, sob a profundidade que se pressupõe em viver, sem a pretensão de descobrir de que matéria é feito o pensamento... porque há segredos incluídos no tempo e excluídos do entendimento.

Inúmeras vezes esperamos, mas porque sabemos que, dentro da cápsula do tempo que gerimos, virá quem queremos na cronologia que controlamos. Mas esperar sem ver o retorno dessa cápsula, nas mãos do nosso bem-desejar, torna-se desperdício de tempo. Ao abrigo destas cápsulas, nós viajamos, quase sem pararmos. Corremos em contra-mão se necessário for, à velocidade dos dias na vida. E Esperar faz parte do conteúdo não programado daquilo que designamos por existir. Parar obriga-nos a pensar em ir ou ficar, em abrir velhas feridas e sará-las de vez, em prosseguir cada vez mais certo do que é acertado. Esperar para voltar a esperar, enquanto a espera não deixar de ser obrigatória e passar a ser um direito, muito mais que um dever.

 Inúmeras vezes falamos, porque queremos ser ouvidos. Na métrica das linhas que compõem o livro que escrevemos, vão tantas vezes os sons de quem só sabe as palavras e as frases decoradas, e não se dispõe a ouvir palavras aprendidas. O desejo de ser ouvido para ser lido é incomparavelmente superior ao de ouvir  para saber ler, com os olhos e as mãos a saberem a carinho e gestos de humildade...
Nosce te ipsum...

11 comentários:

  1. Pois é, é exatamente assim!
    Deveríamos ouvir mais as palavras aprendidas, às vezes na ânsia de querer falar mais eu me atropelo...
    Me desepero para falar...
    deveria escutar,
    escutar...
    escutar mais!
    bjs
    Com carinho
    da
    Fátima

    ResponderEliminar
  2. olá

    escrever faz-nos bem à alma!! :)

    bjs*

    ResponderEliminar
  3. Fátima,
    Saber escutar é algo que se amadurece uma vida inteira :)

    Bjinho* :)

    ALIX,
    Faz, sem dúvida. É algum alimento da alma. :)
    Bjs*

    ResponderEliminar
  4. Minha doce Dark Angel, achei tão poético o título "Saudades de escrever", como fiquei afastado um pouco (motivo: férias inesperadas), e sentia uma vontade louca de escrever algo no blog, mas a preguiça e a falta de um micro na casa de meus pais me impediram...acho que entendi um pouco o que escrevestes, essa nossa prepotência de achar-mos que tudo possa ter uma definição nossa, acho que é o medo de ser dominado, então saímos na frente...de qualquer forma, gosto do que escreves...quando comecei com o blog não falava para ser ouvido, agora isso mudou, não que eu não durma esperando um comentário rsrsrsrs mas sei que no mundo existe uma tribo, da qual eu poderia pertencer, pois existem outros como eu, que não estão no mundo a passeio, mas que acreditam em algo bom, ou não, mas que não ficam de braços cruzados, sou da tribo dos que escrevem, e quando não o fazem, sentem saudades.
    ps. Um imenso abraço querida amiga.

    ResponderEliminar
  5. Jair,
    Quem gosta de escrever sente-lhe a falta se o não faz. Tenho aprendido a escutar, e sei-o fazer cada vez melhor. Posso dizer até que actualmente sou mais uma pessoa de escutar que falar, tenho perdido a vontade de falar, e cada vez mais escrevo. É uma forma de me evadir.
    Gostei tanto da sua visita :) Espero que esteja bem, Jair, e deixo-lhe um abraço e o meu sorriso do costume :)
    Beijinhos*****

    ResponderEliminar
  6. Nosce te ipsum (Sim senhor)- Também gostava de saber grego:)! -Coincidência: o título do meu texto de hoje é em latim! Penso eu, pois tive que ir ao Google para escrevinhar aquilo. Bom, mas no que respeito ao teu texto, tenho a dizer:
    A introspecção é difícil, mas muito útil:)!
    Gostei da "viagem sobre a escrita"! Por falar nisso aí vai um segredo: terminei de escrever um livro. Tem 250 folhas! O editor assim exigiu:). A parte mais difícil foi a última folha: escrevi: FIM. O resto das páginas estão em branco:)! Pretendia brincar!
    Volta a dizer: gostei das tuas cogitações e ...introspecções!
    Bjo

    ResponderEliminar
  7. Álvaro,
    Há coisas que só são gregas a interpretar :), depois de interpretadas fazem o seu sentido, mas deixando de ter segredos deixam de ter tanto sabor. A minha introspecção é constante, perene, espero evoluir sempre com ela, tendo por base que me aceito como imperfeita, mas pronta a corrigir certos erros. Procuro na introspecção o auto-conhecimento, que me permita seguir na direcção certa (se é que existe, porque estas coisas são sempre muito vagas, não é verdade?)
    O teu editor não é muito exigente, lol, deve ser o mesmo que o meu :P
    Gostei que tenhas gostado. E termino como te é costume: volta sempre! LOL.
    Beijo* e bom fim-de-semana.

    ResponderEliminar

Vá, enriquece-me com a tua sabedoria :)