sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

Within Temptation



Deixo-vos com um pouquinho de sons. Eu também sou som, não apenas letras, e sou também imagens... Na verdade sou como todos, um pouquinho de tudo. Não é que só goste deste grupo, mas identifico-me com ele, sons góticos, ambiente bucólico, expressões de dentro da irracionlidade. Espero dar-vos um pouquinho de nada do tanto que vos quero dar neste blogue.

Dias e noites



Há quem prefira o dia, eu prefiro a noite. Há quem prefira o Verão, eu prefiro o Inverno. Porquê? Não sei, ou talvez saiba. Onde tudo me parece igual eu busco a diferença. Sou assim, não sei dizer porque sou, se é que há razão. Olho a lua, gasto passos em direcção ao escuro porque nele há algo que me atrai, se calhar por perceber que quase todos fogem do escuro e daquilo que desconhecem. Passo os meus dias. Insisto em dividir-me com o que sou e o que não sou, teimo em equilibrar-me naquilo que existe só para me deixar em desequilíbrio. Ando em círculos, guardo um poder de não dar nada de mim fazendo pensar que dou tudo o que sou. Nada neste ser que na vida jaz é capaz de se dar a extrema unção e deixá-lo ir... Há uma enorme contradição, ora vivo ora morro, a vida tem essas duas facetas. Há também aquela que me mantém em estado de coma, mas sempre a sorrir. Seguindo a corda que me irá enforcar, eu forço-me a deixar-me ir, mesmo não sabendo o que me vai acontecer, porque a corda não está ali para me enforcar. Tudo se trata de pontos de vista. A corda está ali para me tirar do fundo do poço. E eu quero! Mesmo! Mas o tempo mostrou-me que eu já não sei ser o contexto que todos procuram. Posso e sei contornar essa imagem, mas o meu Eu não deixa de me hologramar aquilo que quero esconder lá dentro. Vou caminhando, sob pegadas já feitas para não me perder da direcção certa. Neste oxigénio salgado, eu desejo respirar o Além e expirar o que me sufoca sem dar nas vistas, fazendo-me uma arritmia que me deixa paralisada e a tremer. Olho em frente, na vastidão de paredes infinitas de água que mesmo espalhada, está presa. Olho em frente, no dever de me ver naquela linha lá ao fundo... mas a linha é como eu, está longe, sempre longe, mesmo que tentemos aproximar-nos dela. Sigo novamente as pegadas. Personifico os meus pensamentos em vontade de correr de braços abertos à vida. Estou certa que vou na direcção certa. Caio então, sem forças, de costas e olhos no céu e a mesma mensagem que me escrevem as nuvens, é a mesma que me faz caírem lágrimas tímidas pelo rosto cansado de tanto repousar. Abro os olhos... são sonhos. São maneiras de me libertar. E os sonhos fazem parte da minha vida. Um sonho é um sorriso que, ainda mais timidamente que as lágrimas, me sai e faz milagres. Suspiro e levanto a cabeça. Mais um dia. Mais um passo. Alguém me acompanha, além de o saber, sinto. Sempre...

quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

Evasão


Hoje vou dizer-vos o porquê de tanta filosofia... Estou a passar por uma depressão, estou em processo de psicoterapia e aumenta em grande escala tudo o que já naturalmente sou. Ou seja, uma evasiva. Partilho convosco esta imagem que frequentemente me assalta a minha densidade mental que é muito particular... Eu e o meu outro Eu, sentados numa margem de um lago, a olhar cisnes a passar e figos a boiar na água. Pois, imagino o que vos vai na cabeça, é uma imagem algo suspeita de quem fuma aquelas coisas que aquele bicho fumava antes da Alice entrar para o país das maravilhas... ou então o que Fernando Pessoa declarou sem medo que fumava. O que é curioso é que eu nem fumo... E não preciso, para ter imaginação fértil. Se algum dia vos apetecer partilhar uma experiência depressiva, força, conto convosco... Mas avançando, sinto que essa imagem me provoca sensações contraditórias, ora um extremo conforto, ora um extremo vazio. Alguém me explica porque sou tão motor de busca? Procuro respostas, procuro razões, procuro o escuro e procuro o que me envolve, incluindo a minha pessoa errante. Imagino-me a levitar sob um campo verde, onde a minha serenidade respira Zen... mas pareço morta. " Anda, meu anjo, vamos sair deste sítio, tu não estás bem aqui, assim, morta... ", há uma voz que se reproduz dentro do meu cérebro. Ainda não entendi se para me salvar ou, ainda mais, confundir. Imagino-me em cima de uma nuvem ( tipo o Songoku, do dragon ball ), aos gritos e a chorar sem saber porquê, e oiço novamente a voz " Anda, meu anjo, tu não estás bem aqui, assim, em sofrimento ." E então penso... se me sinto em serenidade a levitar ou em cima de uma nuvem a berrar, confesso que não entendo a vozinha a sussurrar. Acho que estou bem no fundo da minha existência, ninguém é capaz de me achar e eu corro na minha direcção para não me sentir só, mas é assim que quero ficar. Eu e o meu Eu. Vem até mim, engole-me e liberta-me, evade-me e não me deixes aqui. Quero saber! Vou devagar... Carrego em mim este passo, um frente ao outro, como um novo caminhar. Vou reaprender a andar. E ser quem escondo, por vergonha ou ignorância. Evado-me para dentro de mim... hei-de descobrir cisnes e figos, levitações e berros, sem me parecer estranho. Estou pronta.

terça-feira, 27 de janeiro de 2009

O Início


O início é sempre complicado... Dar voz aos pensamentos e traduzi-los em palavras não é fácil nem lógico... O que proponho neste pequeno cantinho chamado blogue, é que me ajudem a encontrar-me no meio destes meus bocejos de vida, no meio de pensamentos retóricos, no meio de um universo que não existe se não for imaginado e encontrado com o poder de criar. Busquem a teia de aranha que vos impede de chegar àquilo que mais vale, a alma. Ajudem-me a partilhar a dor de não ver a minha teia de aranha... Gostaria de poder voar por cima dela, ou rasgá-la, mas apenas me assisto a tentar emaranhar-me nela, sem nem sequer saber onde está, e onde estou precisamente acorrentada. Quero partilhar convosco uma experiência que é o encontro comigo. Penso,penso e penso, e não me vejo, não me encontro. Revejo-me em vozes, em cores e em afectos, mas não me percebo nesta improbabilidade que se faz sentir, pairar, engolir e existir-me. Quero a minha alma!!!! Há anos que ando perdida. Desde sempre. Nunca pensei em mim e nem para além de mim. Acho que nem existo, mas sei que estou aqui, mas sem saber mais nada. Quero dizer-vos o quanto sou frágil comigo, o quanto me quero dar a mão e, pelo meu pé, caminhar. Lição número um da minha primeira sessão de psicoterapia: Busca bem lá dentro o que te dói na alma. O que te retira as asas. O que te tinge de sangue os sonhos. O que te manda seres tudo menos tu. Agarra-te. Vai ser uma viagem de berros. Quero que me ajudes a que eu exista.